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"007 - Sem Tempo Para Morrer" é a despedida que Daniel Craig merecia | #CineBuzzIndica

Último filme do ator como James Bond chega aos cinemas nesta quinta-feira (30)

ANGELO CORDEIRO | @ANGELOCINEFILO Publicado em 30/09/2021, às 12h00

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"007 - Sem Tempo Para Morrer" é a despedida que Daniel Craig merecia - MGM / Universal Pictures
"007 - Sem Tempo Para Morrer" é a despedida que Daniel Craig merecia - MGM / Universal Pictures

É engraçado olhar para 2005 e lembrar de quando Daniel Craig foi escalado para ser o novo James Bond. A escolha do ator foi questionada por fãs e pela imprensa britânica, principalmente por sua estatura - seus 1,78 m o colocavam como o mais baixo dos que interpretaram o agente britânico -, mas também por ser loiro e ainda mais após uma primeira coletiva nervosa com respostas curtas e secas.

Agora, após 15 anos, cinco filmes, alguns meses de adiamentos devido à pandemia de covid-19 e conflitos de ideias com o diretor anterior - Danny Boyle abandonou a direção do novo filme em 2018 -, Craig finalmente se despede com louvor de uma franquia que o colocou ao lado dos ícones Sean Connery, Roger Moore e Pierce Brosnan.

De todos os atores que interpretaram James Bond, Daniel Craig foi o único a ter uma despedida. Sean Connery até voltou para se despedir, mas em um filme que não é considerado oficial; George Lazenby viveu o agente somente por um dia; Roger Moore o interpretou até quase os 60 anos e decidiu não voltar mais para o papel; Timothy Dalton viu seu contrato vencer antes de um terceiro filme que nunca aconteceu; e Pierce Brosnan cumpriu o seu acordo sem chegar a dar adeus nos filmes. 

Em tempos de franquias de super-heróis, não é à toa que os cinco filmes com Craig formam uma grande narrativa e marcam a jornada mais humana que o personagem já viveu desde sua estreia nos cinemas, em “007 Contra o Satânico Dr. No”, de 1962. Nós agradecemos, afinal, “007 - Contra Spectre” estava longe de ser o adeus que o ator merecia. E após um filme muito questionado pelos fãs e pela crítica, qual seria a trama perfeita para o último capítulo de um ator sendo James Bond? A mais segura e simples possível, certo?

“007 - Sem Tempo para Morrer” abraça essa simplicidade e deixa de lado os planos mirabolantes do capítulo anterior, resolvendo muitas das pontas soltas. O roteiro não é o mais incrível dos filmes com Daniel Craig, sendo até bastante expositivo em alguns momentos, e com um vilão que, na figura de Rami Malek, nunca parece ameaçador o bastante para James Bond. A sorte de Rami Malek é que mal temos tempo de sentir saudade do Silva de Javier Bardem ou do Le Chiffre de Mads Mikkelsen. O foco aqui é todo para Daniel Craig.

Apesar da duração de 163 minutos - a maior dos filmes da franquia -, o diretor Cary Fukunaga utiliza o tempo a seu favor, dando bom ritmo à última missão de James Bond, que sai de sua aposentadoria na Jamaica a fim de ajudar o agente da CIA e amigo de longa data, Felix Leiter (Jeffrey Wright), em uma tarefa que não termina como planejada. Num plot digno das aventuras de 007, misturando cientistas com a velha e conhecida Spectre e ainda um novo vilão mascarado que surge com uma ameaça mundial, James Bond terá que tornar a vestir o seu terno para salvar o mundo. Mais uma vez.

Desde o início, fica claro que a intenção de “007 - Sem Tempo para Morrer” é acertar as contas com o passado. O próprio filme abre com um flashback sobre a personagem de Madeleine (Léa Seydoux) enquanto James Bond inicia o filme se despedindo de alguém por quem ainda nutre fortes sentimentos. Com isso, “007 - Sem Tempo para Morrer” é um filme que não olha para a frente - e isso não é uma crítica. É como se James Bond fosse o personagem de um jogo de videogame e estivesse preso em uma fase da qual só se verá livre quando resolver todas as tarefas.

E se por um lado “007 - Sem Tempo para Morrer” ficará marcado por despedidas - além de Daniel Craig devemos considerar a possibilidade de que Ralph Fiennes, Ben Wishaw e Naomi Harris também não retornarão aos seus personagens - por outro lado, o compositor Hans Zimmer estreia na franquia 007 como um dos principais acertos do filme, com uma trilha melancólica que evoca o tom de despedida da trama.

Quem parece vir para ficar é Lashana Lynch (“Capitã Marvel”). E se a sua personagem não chega a roubar a cena como se esperava - embora as alfinetadas entre ela e Bond sejam comicamente bem-vindas -, não seria absurdo ver a atriz retornando para outras aventuras do 007 como sua sidekick - creio que ainda estamos longe de ver uma protagonista mulher na franquia.

Em suma, “007 - Sem Tempo para Morrer” soa mesmo como o adeus de Daniel Craig ao papel de James Bond. São tantas emoções que o agente mal encontra tempo para tomar seus martinis - ok, ele ainda consegue dar alguns goles acompanhado da belíssima Paloma, vivida por Ana de Armas, durante uma cena de tiroteio - no entanto, o foco da trama não está em nos lembrar que aquele é um agente prestes a salvar o mundo novamente, mas sim, em nos mostrar que aquele é um homem que viveu tempo o bastante para ter a quem proteger.