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Com "O Beco do Pesadelo", Guillermo del Toro mergulha no lado mais sombrio do ser humano | #CineBuzzIndica

Longa protagonizado por Bradley Cooper chegou ao Star+ nesta quarta (16)

ANGELO CORDEIRO | @ANGELOCINEFILO Publicado em 26/01/2022, às 16h00 - Atualizado em 16/03/2022, às 16h57

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Com "O Beco do Pesadelo", Guillermo del Toro mergulha no lado mais sombrio do ser humano | #CineBuzzIndica - Divulgação/Searchlight Pictures
Com "O Beco do Pesadelo", Guillermo del Toro mergulha no lado mais sombrio do ser humano | #CineBuzzIndica - Divulgação/Searchlight Pictures

Lançar “O Beco do Pesadelo” em 2022 é de uma grande ousadia. Na verdade, realizar esse projeto já é um feito que merece respeito, afinal, estamos em plena era dos super-heróis, quando o bem DEVE vencer o mal acima de qualquer coisa. E os motivos não param por aí: a nova empreitada do diretor Guillermo del Toro ("O Labirinto do Fauno") por um mundo obscuro se trata de um remake de uma obra noir: "O Beco das Almas Perdidas", de 1947. Mas este não é qualquer remake.

Os nomes envolvidos no projeto chamam a atenção por si só e desfilam a grandiosidade da obra, produzida e distribuída sob o selo da Searchlight Pictures, braço da extinta Fox, agora gerida pela Disney. Entre os principais nomes deste elenco de inchar o orçamento estão Cate Blanchett (“Carol”), Bradley Cooper (“Nasce Uma Estrela”), Willem Dafoe (“O Farol”), Toni Collette (“Hereditário”), Richard Jenkins (“A Forma da Água”), Ron Perlman (“Hellboy”), Rooney Mara (“Carol”) e outros.

O próprio Del Toro é um nome respeitado e já estabelecido em Hollywood. E com filmes de super-heróis no currículo, no caso, um anti-herói (“Hellboy” e “Hellboy II - O Exército Dourado”), o mexicano vencedor do Oscar de Melhor Filme e Melhor Direção por “A Forma da Água” talvez seja um dos poucos cineastas estrangeiros em Hollywood que ainda pode se gabar de escolher seus projetos a dedo. E nesta adaptação do livro “O Beco das Ilusões Perdidas”, escrito por William Lindsay Gresham, Del Toro nos mostra, cena a cena, o porquê disso.

Na história, Stanton Carlisle (Bradley Cooper) é um ambicioso trabalhador de um circo itinerante que tem um talento nato para manipular as pessoas através das palavras. Ele chegou ao circo por acaso, fugindo de seu passado, e, crente de que seu destino é longe dali ao lado de sua amada Molly (Rooney Mara), Stanton busca fama e dinheiro se unindo à misteriosa psiquiatra Lilith Ritter (Cate Blanchett), uma pessoa ainda mais perigosa que ele.

Ainda no início do filme, Stanton ajuda os integrantes do circo a capturarem um selvagem (chamado de geek, no original, um termo que hoje em dia tem outro significado - os nerds sabem) que desaparecera. O tal selvagem é mais uma das atrações daquele circo, uma “besta fera” que vive presa em uma gaiola onde passa vários dias sem se alimentar ou beber água. Em um raro momento de generosidade de nosso protagonista, ele se compadece do medo do selvagem e o ajuda.

É neste mundo de medos, selvageria, interesses, cobiça, desconfianças e de pessoas sem escrúpulos que Guillermo del Toro desafia o espectador a encontrar quaisquer resquícios de esperança ou bondade. Será que há? Talvez na doce personagem vivida por Rooney Mara. Talvez. Ao final, o que fica é a certeza de que o cinema precisa desses filmes para nos lembrarmos de que ainda existem cineastas obstinados a contarem histórias que mergulham no lado mais sombrio do ser humano. E tal qual seu protagonista, Guillermo del Toro nasceu para isso.