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#CineBuzzJáViu / CRÍTICA

"O Último Duelo" marca a boa volta de Ridley Scott aos épicos medievais | #CineBuzzIndica

Filme reúne astros como Matt Damon, Ben Affleck, Adam Driver e Jodie Comer

ANGELO CORDEIRO | @ANGELOCINEFILO Publicado em 11/10/2021, às 13h55

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"O Último Duelo" marca a boa volta de Ridley Scott aos épicos medievais - Divulgação / 20th Century Studios
"O Último Duelo" marca a boa volta de Ridley Scott aos épicos medievais - Divulgação / 20th Century Studios

É impressionante como uma história que aconteceu em 1386 ecoa até hoje em nossa sociedade. Em “O Último Duelo”, Ridley Scott retorna aos filmes épicos da era medieval para narrar o fatídico embate entre Jean de Carrouges (Matt Damon) e Jacques Le Gris (Adam Driver), dois homens que lutam por sua honra em nome de Deus.

A premissa de um duelo entre dois homens não é novidade no cinema do diretor. Em “Os Duelistas”, de 1977, seu primeiro trabalho nos cinemas, Ridley Scott narrava o confronto entre dois oficiais do exército de Napoleão que passaram anos a fio se desafiando por causa de um insulto, enquanto em “O Último Duelo”, o tal confronto do título se dá pela palavra de uma mulher.

Na história, Jean de Carrouges aceita se casar com a bela Marguerite (Jodie Comer) de olho nas terras que tomará posse. O que ele não sabe é que seu amigo de longa data, o escudeiro Jacques Le Gris recebera do conde Pierre D’Alençon (Ben Affleck), um poderoso senhor feudal, a propriedade das terras que seriam suas de direito. Esses dois homens se verão em um conflito mortal após Marguerite acusar Le Gris de violá-la.

Dizem que todo fato tem três versões: a sua, a minha e a verdadeira. No caso de “O Último Duelo”, Ridley Scott divide a história em três capítulos. E o espectador brasileiro mais antenado aos recentes lançamentos deverá se lembrar de “A Menina que Matou os Pais” e “O Menino que Matou Meus Pais”, dois filmes do caso Richthofen que também tiveram como proposta contar duas versões distintas de um fato. 

No entanto, Ridley Scott sintetiza as duas - ou melhor, três - versões em um filme só, justificando a duração de 150 minutos. No primeiro capítulo, o mais duradouro deles, acompanhamos a história sob a visão de Carrouges, desde seu casamento com Marguerite até o momento em que ela acusa Le Gris de um crime imperdoável. Na segunda parte, a visão do acusado Le Gris é desenvolvida.

Na terceira parte, fica evidente que a melhor coisa presente em “O Último Duelo” é algo que Ridley Scott constantemente aborda em seu cinema: as mulheres contam sua versão da história. E aposto que isso se deve ao fato da presença da roteirista Nicole Holofcener (“Poderia Me Perdoar?”) ao lado de Matt Damon e Ben Affleck - que voltam a roteirizar juntos desde “Gênio Indomável”, pelo qual venceram o Oscar de Melhor Roteiro Original.

Não é novidade nenhuma que as personagens femininas pelas lentes de Ridley Scott sempre tiveram força: a Tenente Ripley da ficção científica “Alien, o 8º Passageiro” e a dupla Thelma (Geena Davis) e Louise (Susan Sarandon) do road movie "Thelma & Louise" entraram para a história como ícones.

E Marguerite também entrou ao desafiar uma sociedade que colocava o destino das mulheres nas mãos de reis, clérigos e maridos. E mais de 600 anos depois parece que isso não mudou muito, não é mesmo?

É justamente na personagem de Marguerite que reside a grande força de “O Último Duelo” e é interessante notar como a cada novo capítulo ela é vista de formas distintas. No primeiro, Marguerite é a boa esposa que deve dar ao marido terras e prole. Na segunda, ela é o objeto de desejo e a paixão avassaladora que encanta Le Gris. Enquanto na terceira e última parte, ela é a mulher empoderada que enfrenta os julgamentos daquela sociedade.

Em suma, "O Último Duelo" é um ótimo retorno do diretor Ridley Scott aos épicos medievais, mostrando que, mais de 600 anos depois, a sociedade ainda precisa conhecer histórias como essa para perceber que o destino e a vontade das mulheres devem ser respeitados e colocados à mesa não para salvar a honra de homens, mas para provar que evoluímos enquanto sociedade.

Confira o trailer de "O Último Duelo":