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Cinema / SERÁ?

Afinal, Stanley Kubrick filmou a chegada do homem à Lua?

Teorias de conspiração afirmam que o diretor de “O Iluminado” seria o responsável pelas filmagens em um estúdio de TV

Angelo Cordeiro | @angelocinefilo Publicado em 20/07/2021, às 14h55

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Afinal, Stanley Kubrick filmou a chegada do homem à Lua? - GettyImages/Mark Renders/Créditos/Pixabay
Afinal, Stanley Kubrick filmou a chegada do homem à Lua? - GettyImages/Mark Renders/Créditos/Pixabay

Uma das teorias da conspiração mais difundidas pelo mundo envolve a chegada do homem à Lua, feito que completa 52 anos neste 20 de julho. Para muitos conspiracionistas, o pouso da Apollo 11 no satélite natural da Terra não passa de invenção. Inclusive, alguns acreditam que há uma pessoa responsável pelas filmagens: Stanley Kubrick.

Mas de onde surgiu essa história? Bem, muito se deve à proximidade de datas entre o lançamento do filme “2001 – Uma Odisseia no Espaço”, em 1968, e à chegada de Neil ArmstrongBuzz Aldrin e Michael Collins à Lua, no dia 20 de julho de 1969.

Como muitos sabem, Stanley Kubrick foi um diretor perfeccionista – a ponto de fazer com que a atriz Shelley Duvall repetisse uma mesma cena 127 vezes em “O Iluminado” até que ficasse do seu agrado. Então, em 1964, durante a pré-produção de “2001 – Uma Odisseia no Espaço”, Kubrick realizou diversas pesquisas com cientistas aeroespaciais a fim de levar o maior realismo possível para seu filme.

Um dos consultados foi Frederick Ordway III, renomado cientista norte-americano, formado na Universidade de Harvard, e especialista em foguetes espaciais. Para alguns conspiracionistas, a proximidade de Kubrick com especialistas da NASA fizeram com que o diretor tivesse acesso a câmeras, lentes e estúdios de primeira, sendo possível filmar o pouso na Lua com a perfeição que só alguém como Kubrick poderia trazer.

Além disso, os Estados Unidos estavam em uma acirradíssima corrida espacial com a ex-União Soviética, que já havia levado o russo Iuri Gagarin ao espaço, em 1961. Ou seja, para os conspiracionistas, o governo norte-americano estava desesperado, e transmitir a chegada do homem à Lua para milhões no mundo todo, definitivamente, colocaria o país à frente desta corrida.

COM A PALAVRA, O ESPECIALISTA

Muitas das teorias de filmagem do pouso na Lua em um estúdio de TV já foram refutadas por Howard Berry, especialista em efeitos visuais que trabalhou em filmes como “Scott Pilgrim Contra o Mundo“, “Zona Verde”, “O Guia do Mochileiro das Galáxias“, entre outros.

Em um artigo para a QuartzHoward afirma que se “concordarmos com a ideia de que a aterrisagem na Lua foi feita em um estúdio de TV, então esperamos que ela tenha sido um registro de 30 quadros por segundo, que era o padrão de televisão na época. No entanto, sabemos que o vídeo do primeiro pouso foi captado a 10 quadros por segundo, com uma câmera especial (“Slow Scan Television”, ou SSTV, “Televisão de Varredura Lenta”).

No mesmo artigo, Howard ainda refuta e desmente outras teorias dos conspiracionistas, como a das sombras que viriam de um holofote, a da bandeira que estaria balançando com o vento e brinca com a possibilidade de Kubrick ter filmado o pouso “ele era tão perfeccionista que insistiria para filmar na Lua. Além disso, ele tinha medo de voar“, encerrando a discussão.

VIVIAN KUBRICK

Vivian Kubrick, filha de Stanley Kubrick, chegou a publicar uma carta em sua conta do Twitter (hoje suspensa), afirmando que a ideia de que o pai teria forjado o pouso na Lua iria de encontro com a integridade artística e a consciência social e política dele. Leia a carta completa:

“Certamente (!?) um artista, como o meu pai, cujo grau de integridade artística profunda é auto evidente, cuja consciência política e social está manifestamente presente em quase todos os filmes que fez. Cujo tema altamente controverso literalmente colocou sua vida em risco e ainda assim ele continuou a fazer os filmes que ele fez… vocês não acham que ele seria a última pessoa no mundo a ajudar o governo dos Estados Unidos em uma traição tão terrível ao seu povo?!?

Há muitas, e reais conspirações que aconteceram em nossa história, e ainda estão acontecendo, e estou muito consciente das manipulações terríveis perpetradas por governos, serviços secretos, banqueiros, o complexo militar-industrial etc. Mas, alegações de que o pouso na Lua foi forjado e filmado por meu pai? Eu não consigo acreditar!!? Como alguém pode crer que um dos maiores defensores da humanidade poderia cometer tamanho ato de traição?

Os trabalhos artísticos de meu pai são sua defesa incontestável!

Definitivamente, apesar de meu amor por meu pai, eu o conhecia! Eu vivi e trabalhei com ele, então, perdoem minha dureza quando eu afirmo categoricamente: a dita ‘verdade’ que esses excêntricos maliciosos insistem em espalhar – que meu pai conspirou com o governo dos EUA para ‘forjar o pouso na Lua’ – é manifestamente uma MENTIRA GROTESCA”.

Carta de Vivian Kubrick, filha de Stanley Kubrick (Reprodução/Twitter)

FILMES SOBRE A CONSPIRAÇÃO

O que não faltam são filmes que discorrem sobre as diversas teorias criadas pelos conspiracionistas. Dois deles merecem destaque: o primeiro é o documentário “O Labirinto de Kubrick”, de 2012, que explora significados ocultos nos filmes do diretor, principalmente em “O Iluminado”.

Para muitos, o filme baseado na obra de Stephen King inclui elementos irônicos do diretor em resposta àqueles que acreditam que ele filmou a chegada do homem à Lua, para outros – os conspiracionistas -, o filme está repleto de easter eggs em forma de confissão, como a blusa do personagem Danny que contém uma imagem da Apollo 11, e o quarto proibido, de número 237, que faria referência à distância de aproximadamente 238 mil milhas entre a Terra e a Lua.

Outro documentário sobre as conspirações é “Operação Lua”, de 2002, dirigido por William Karel. Assumidamente um falso-documentário, o filme trata justamente sobre a suposta tratativa entre Stanley Kubrick e uma equipe de TV para filmar o pouso em solo lunar, reunindo diversos “argumentos” que os conspiracionistas repetem para defender a ideia de que o pouso não passou de uma farsa.

Sempre com bom humor e muitos nomes retirados dos filmes de Kubrick – um produtor é chamado de Jack Torrance, personagem de Jack Nicholson em “O Iluminado” -, o falso-documentário ridiculariza a situação a ponto de mostrar Kubrick enfurecido com o fato dos cientistas da NASA não entenderem nada de filmagem.

E você, caro leitor, acredita em quem?