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Cinema / Representatividade

Retrospectiva: Década de 2010 foi do cinema LGBTQ+ do Brasil, com filmes como Hoje Eu Quero Voltar Sozinho e Tatuagem

De filmes premiados a sucesso de crítica, o cinema LGBTQ+ brasileiro se destacou nos últimos dez anos

Saulo Tafarelo Publicado em 06/01/2020, às 18h00

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Cenas dos filmes Hoje Eu Quero Voltar Sozinho e Corpo Elétrico - Vitrine Filmes
Cenas dos filmes Hoje Eu Quero Voltar Sozinho e Corpo Elétrico - Vitrine Filmes

Nos últimos dez anos, os filmes LGBTQ+ brasileiros se mostraram em maior número e mais presentes na vida dos telespectadores do país. De filmes premiados internacionalmente até longas que se popularizaram em canais a cabo, as produções nacionais com enfoque em narrativas LGBTQ+ ecoaram sua extrema importância país afora na última década.

Desde Hoje Eu Quero Voltar Sozinho, que antes era um curta-metragem no YouTube e que virou filme, até Meu Corpo É Político, que possui uma pegada mais política dos indivíduos trans, os longa-metragens da década de 2010 vieram para afrontar o conservadorismo recorrente no país e mostrar narrativas tão diversas quanto as expressões sexuais exercidas pelas pessoas. 

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Renomados diretores, como Karim Aïnouz, Hilton Lacerda, Alice Riff, entre outros, se destacaram no período por não medir esforços ao construírem e retratarem narrativas da comunidade LGBTQ+ das mais diferentes e sensíveis maneiras. 

Abaixo, relembramos os filmes nacionais LGBTQ+ que marcaram a década e seus respectivos diretores: 

Hoje Eu Quero Voltar Sozinho - Daniel Ribeiro, 2014 

Cena de beijo entre Leonardo e Gabriel em Hoje Eu Quero Voltar Sozinho (Vitrine Filmes) 

Primeiramente desenvolvido como um curta-metragem lançado no YouTube e com o nome de Eu Não Quero Voltar Sozinho, o projeto logo virou um filme, o qual não serve como uma sequência mas sim como uma narrativa diferente da mesma história. 

Hoje Eu Quero Voltar Sozinho segue a história de Leonardo (Ghilherme Lobo), um adolescente cego que tenta lidar com a mãe superprotetora enquanto almeja sua independência. Novos sentimentos e sensações começam a florescer no garoto quando Gabriel (Fabio Audi) entra na escola, o que faz com que Leo descubra mais sobre si e sua sexualidade. 

O longa conquistou vários prêmios voltados a produções LGBT+ mundo afora, como o Teddy Award no Festival de Berlim e o prêmio de Melhor Longa Dramático no Festival Internacional de Cinema LGBT de Los Angeles. 

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Praia do Futuro - Karim Aïnouz, 2014

Cena de Praia do Futuro entre Donato e Konrad (California Filmes)

Lançado em 2014, Praia do Futuro é estrelado por Wagner Moura, Clemens Schick e Jesuíta Barbosa, e trata sobre amor, busca pelo desconhecido e família.  

Moura interpreta o salva-vidas Donato na Praia do Futuro, localizada em Fortaleza, e que, apaixona-se por um piloto alemão de motovelocidade após salvá-lo de um afogamento. Criando uma relação, Donato segue para Berlim e deixa seu irmão mais novo Ayrton, interpretado por Jesuíta Barbosa, para trás. Anos depois, quando mais velho, Ayrton parte em uma aventura em busca de seu irmão, o qual servia como um grande exemplo para ele e sua família. 

A produção levou para casa o prêmio Sebastiane Latino no Festival de Cinema de San Sebastián, na Espanha, recompensa criada pela associação LGBT do País Basco. 

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Meu Corpo é Político - Alice Riff, 2017

Com um tom mais politizado, o documentário dirigido pela brasileira Alice Riff é composto pela história de quatro transgêneros na periferia de São Paulo, na tentativa de fugir de alguns estereótipos dentro da temática. 

A produção vivencia o cotidiano de alguns ativistas LGBT moradores das periferias de São Paulo e faz um panorama do contexto social em que os personagens estão inseridos. Além dessas questões principais, o longa levanta questões sobre a população trans no Brasil e suas respectivas disputas políticas.

Em entrevista à Exitoína, a diretora Alice Riff enfatiza que, para a próxima década, é preciso que o cinema LGBT tenha mais realizadores das mais diversas intersecções e pautas. “O cinema LGBT+ é lindo, potente. Precisa só se potencializar, explorar todos os caminhos, ter mais realizadores e realizadoras trans, mais mulheres lésbicas, mais mulheres negras, na direção, direção de fotografia, etc. Precisa ter mais cinema”, categoriza. 

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Corpo Elétrico - Marcelo Caetano, 2017

O filme de 2017 foi um dos grandes destaques do APCA, Associação Paulista de Críticos da Arte, ao levar o prêmio de filme do ano para casa em uma obra circunda os temas da amizade e de novas possibilidades.

Protagonizado por Kelner Macêdo, o longa segue Elias, assistente de uma confecção de roupas no centro de São Paulo, o qual mantém pouco contato com a família na Paraíba. Elias passa seus dias entre o trabalho e encontro com homens e o fim de ano que se aproxima leva a ele reflexões sobre novas possibilidades para seu futuro e uma amizade com os colegas da confecção, que o insere em outros círculos de amizades e de vivências. 

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Bixa Travesty - Kiko Goifman, Claudia Priscilla, 2019

Linn Da Quebrada em cena de Bixa Travesty (Arteplex Distribuídora) 

Estreado em 21 de novembro de 2019 no Brasil, o filme já havia levado o Teddy Award em fevereiro de 2018 no Festival de Berlim por retratar a trajetória da cantora, atriz e ativista trans Linn da Quebrada.

O filme retrata e coloca em evidência o corpo político da artista, o qual ainda captura sua esfera pública e privada, cercadas pelo combate aos estereótipos de gênero, classe e raça, ajudando na sua desconstrução nas várias plataformas em que atua. 

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Flores Raras - Bruno Barreto, 2012

Glória Pires, atriz global de 56 anos, aparece aqui como a protagonista do filme dirigido por Bruno Barreto e que retrata a história de amor real entre a poetisa americana Elizabeth Bishop e a arquiteta brasileira Lota de Macedo Soares. 

O longa se passa entre as décadas de 1950 e 1960 em Petrópolis, no Rio de Janeiro, e coincide com o momento do surgimento da Bossa Nova e da construção e inauguração de Brasília, ao traço que o filme segue a história das duas mulheres e suas trajetórias de vida. 

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Beira-Mar - Filipe Matzembacher e Márcio Reolon, 2015

Cena do filme Beira-Mar com os protagonistas Martin e Tomaz (Vitrine Filmes)

Os dois cineastas do sul do Brasil juntaram suas forças para realizar o drama juvenil Beira-Mar, lançado em 2015. 

Com uma narrativa que segue a amizade e as descobertas no começo da vida adulta, a obra ganhou o prêmio Novos Rumos, no Festival do Rio. A trama segue a viagem ao litoral do sul do Brasil dos amigos Martin e Tomaz em que o primeiro tem de buscar documentos solicitados pelo pai na região, os quais se encontram com familiares residentes do local. 

Juntos e enclausurados durante o fim de semana inteiro em uma pequena cidade, no gélido inverno, ambos decidem reatar a antiga amizade e fazer novas descobertas.

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Tinta Bruta - Filipe Matzembacher e Márcio Reolon, 2018

Também dirigido pelos mesmos diretores Beira-Mar, o filme Tinta Bruta veio três anos após o lançamento da primeira grande direção da dupla. O longa, que foi o principal ganhador do Festival do Rio de 2018, retrata Pedro (Shico Menegat), jovem que responde a um processo criminal enquanto precisa lidar com a mudança da irmã, sua única amiga. 

Para fugir de sua realidade, ele assume o codinome GarotoNeon e se apresenta na internet de forma anônima dançando nu no escuro de seu seu quarto, coberto apenas por tintas fluorescentes. 

Além do Festival do Rio, o filme também levou o Teddy Bear no Festival de Berlim. 

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Teus Olhos Meus - Caio Soh, 2011 

Cena entre os protagonistas de Teus Olhos Meus (Divulgação) 

Um dos filmes LGBTs logo do início da década, Teus Olhos Meus foi dirigido pelo cineasta Caio Soh e segue a história de Gil (Emílio Dantas), jovem de 20 anos que possui muitas ideais e sonhos e que encontra na música sua paixão. 

Seu estilo de vida, que oscila entre a poesia e a boêmia leva-o a ser expulso da casa de seus tios, onde morava, e, sem destino específico, vaga por aí até que conhece Otávio (Remo Rocha), produtor que o aflora sentimentos e pode ser sua moeda da sorte. 

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Glória e a Graça - Flávio Ramos Tambellini, 2017

Nas palavras do diretor Flávio Tambellini, o filme é sobre a família e a aceitação de uma travesti como mãe. Em 2017, a atriz global Carolina Ferraz assumia o papel como a travesti Glória, que é bem sucedida e feliz com suas conquistas, mas que vive distante da irmã Graça (Sandra Corveloni).

''Queríamos focar uma travesti empoderada, bem sucedida, mas que mesmo assim sofre com todos tipos de preconceitos, inclusive em relação aos documentos nos quais não pode usar sua nova identidade'', disse o diretor para a Exitoína. 

Graça então descobre uma doença terminal e ambas tentam reatar os laços há tempos perdidos, restabelecendo contato e proximidade com os primos e a família. O filme foi indicado a dez categorias no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro de 2018 e venceu em três: Melhor Roteiro Original, Melhor Fotografia e Melhor Atriz Coadjuvante.

Dentre as mudanças do cinema LGBT, o diretor pontua: ''O que precisa e vai mudar é que não vão precisar mais serem catalogados num nicho e sim serem partes integrantes de nossa cinematografia''. E o futuro, segundo o mesmo, será de luta, assim como Alice Riff afirma com seu filme Meu Corpo é Político. 

''O futuro do cinema LGBT vai ser de luta devido a onda conservadora que paira sobre o mundo, mas tenho certeza que ele vai avançar cada vez mais, ganhando festivais, projeção e com certeza uma conexão maior com o grande público'', finaliza. 

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Tatuagem - Hilton Lacerda, 2013

Jesuíta Barbosa e Irandhir Santos em cena de Tatuagem (IMOVISION)

O longa-metragem foi dirigido por Hilton Lacerda, cineasta pernambucano, que levou às telonas uma trama que envolve a ditadura militar e uma relação homoafetiva em plena época de repressão e rigidez. 

Clécio (Irandhir Santos) é o líder da trupe teatral Chão de Estrelas, no Recife, que realiza shows com deboche e cenas de nudez. A principal estrela da equipe é Paulete (Rodrigo Garcia), com quem Clécio tem um relacionamento. Paulete, certo dia, recebe a visita do jovem cunhado e militar Fininha (Jesuíta Barbosa).

Encantado com a atmosfera criada pela trupe, ele logo é seduzido por Clécio e não leva muito tempo para que os dois caiam em um intenso relacionamento, que coloca Fininha em uma situação complicada: uma vez que se envolve cada vez mais com a trupe, ele também tem que lidar com duras repressões em meio à área militar. 

Vale ressaltar que o longa levou os prêmios do júri e de melhor ator para casa no Festival do Rio em 2013 e que, em novembro de 2015, o longa entrou na lista da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos.


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