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"Era Uma Vez em… Hollywood": o que é verdade e o que foi inventado no novo filme de Tarantino

Mais uma vez, Tarantino recria a história em um filme seu, desta vez sobre o culto de Charles Manson

Pedro Rocha Publicado em 15/08/2019, às 09h22 - Atualizado às 09h23

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Margot Robbie como a atriz Sharon Tate em Era Uma Vez em... Hollywood. Crédito: Divulgação/Sony Pictures
Margot Robbie como a atriz Sharon Tate em Era Uma Vez em... Hollywood. Crédito: Divulgação/Sony Pictures

Atenção! O texto a seguir contém spoilers sobre Era Uma Vez em… Hollywood, o nono filme de Quentin Tarantino, que estreou nesta quinta-feira (15) nos cinemas brasileiros.

Assim como já havia feito em Bastardos Inglórios, quando resolveu mudar o destino de Adolf Hitler e o matou num cinema de Paris, o diretor mais uma vez resolveu brincar com a história em Era Uma Vez em… Hollywood.

++ Já vimos: Era Uma Vez em... Hollywood traz maturidade narrativa de Tarantino, mas faz piada com o que não tem graça

Quem já viu o filme sabe que o longa dá um final diferente para a história de Sharon Tate, vivida na ficção por Margot Robbie.

A atriz, grávida de oito meses do cineasta polonês Roman Polanski, foi assassinada brutalmente em sua casa por membros do culto liderado por Charles Manson em agosto de 1969. No filme, porém, Tarantino mata o grupo que assassinou Tate, que nem chegou a entrar na casa da atriz.

O alvo do grupo, no filme, era o fictício ator Ricky Dalton, vivido por Leonardo DiCaprio, vizinho de Sharon Tate (Margot Robbie) e Roman Polanski (Rafal Zawierucha) na rua Cielo Drive.

Quase todos os acontecimentos do final do longa são inventados, assim como tudo relacionado a Dalton e seu dublê, Cliff Booth (Brad Pitt). Mas, ao longo da trama, Era Uma Vez em… Hollywood mostra coisas que aconteceram na realidade.

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Descubra, a seguir, o que é verdade e o que é mentira no filme de Quentin Tarantino: 

Verdade: Sharon Tate teve aulas com Bruce Lee

Não foi uma invenção do filme. Sharon Tate não só conhecia Lee como teve aulas com ele de artes marciais para atuar no filme Arma Secreta contra Matt Helm (1968). 

Mike Moh como Bruce Lee em Era Uma Vez em... Hollywood. Crédito: Reprodução/YouTube

Verdade: Sharon Tate e Jay Sebring foram noivos

Sim. A relação confusa entre Sharon, Roman e o cabelereiro Jay Sebring mostrada no filme é verdadeira. A atriz e Jay foram noivos e ela o largou para ficar com o cineasta, com quem trabalhou em Londres no filme A Dança dos Vampiros (1967). 

Ao voltar para Hollywood, porém, Sharon manteve uma amizade muito próxima ao cabelereiro.

Na noite em que morreu, a atriz estava com Jay e um casal de amigos de Roman, Abigail Folger e Wojciech Frykowski. Todos foram assassinados pelos seguidores de Charles Manson. Polanski estava em Londres gravando um filme. 

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Mentira: Trudi não é real (e não é a Meryl Streep criança)

A atriz Julia Butters rouba a cena em Era Uma Vez em... Hollywood como a estrela mirim Trudi, colega de elenco de Ricky Dalton. A personagem, porém, foi inventada por Tarantino. Algumas pessoas chegaram a achar que ela seria uma representação de Meryl Streep quando criança, mas, em 1969, quando se passa o filme, a atriz já tinha 20 anos.

Verdade: Gravidez de Tate

Sharon estava mesmo grávida de oito meses de seu marido, quando foi esfaqueada pelos seguidores de Manson. O bebê não foi atingido pelos golpes, mas ele não conseguiu nascer e sobreviver. 

Verdade: Lancer e o ator James Stacy

Timothy Olyphant, de Santa Clarita Diet, vive no filme um personagem real, James Stacy. Ele realmente foi protagonista de uma série de sucesso chamada Lancer. A única mentira na história é que Dalton nunca participou do programa – afinal, o personagem de DiCaprio é fictício. 

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Mentira: Briga entre Cliff e Bruce Lee

Uma das maiores polêmicas de Era Uma Vez em... Hollywood é a cena em que Cliff Booth e Bruce Lee (Mike Moh) caem na porrada. Lee, um expert em artes marciais, quase perde a luta no filme por sua arrogância, o que causou revolta da filha do ator, que não gostou de como o pai foi retratado no filme de Tarantino. 

A cena, claro, nunca aconteceu na vida real, já que Cliff nunca existiu. Este foi, inclusive, o que argumentou Tarantino ao se justificar. "Cliff poderia derrotar Bruce Lee? Brad Pitt não poderia, mas Cliff talvez pudesse", disse o diretor. "Se você me perguntar quem venceria numa luta, Bruce Lee ou Drácula, é a mesma pergunta. É um personagem fictício."

Verdade: Amizade entre Sharon, Steve McQueen e Mama Cass

Além de Sharon Tate, outros nomes reais da Hollywood de 1969 aparecem no filme de Tarantino, durante uma festa. É que, de fato, Tate era amiga de personalidades como o ator Steve McQueen e a cantora Mama Cass, do grupo The Mamas & The Papas. 

Verdadeiro: Família Manson no Rancho Spahn

Sim, tudo em relação a isso, com exceção da visita de Cliff Booth, é verdade. Os seguidores de Charles Manson se apossaram do Rancho Spahn, um antigo estúdio de filmagens a céu aberto, e passaram a viver ali junto com o dono, George Spahn.

Spahn continuou morando por lá por mais cinco anos após os crimes de Manson. Só saiu para ser levado a um hospital, onde morreu em 1974. 

Damon Herriman como Charles Manson em Era Uma Vez em... Hollywood. Crédito: Reprodução/YouTube

Mentira: Red Apple

Se você ficou no cinema até a cena pós-créditos viu Ricky Dalton fazendo propaganda para a marca de cigarros Red Apple. E se você é muito fã de Tarantino, deve ter lembrado de já ter visto a marca em filmes como Pulp Fiction, Kill Bill e Os Oito Odiados. 

Pois é, a marca não existe, é uma velha brincadeira de Tarantino. 

Verdadeiro: Os restaurantes do filme

Ricky Dalton pode ser fictício, mas o restaurante que ele frequenta no filme não. O Musso and Frank Grill existe de verdade e chegou, inclusive, a fechar suas portas por cinco dias para as filmagens de Tarantino. Eles até mesmo recriaram o menu real dos anos 1960 só para Era Uma Vez em... Hollywood.

Outro restaurante que aparece no filme, o mexicano El Coyote, também é real. De fato, Sharon Tate, Jay Sebring, Abigail Folger e Wojciech Frykowski jantaram lá na noite em que foram mortos. 

Mentira: A motivação contra Ricky Dalton

No filme, em vez de Sharon Tate, o alvo dos seguidores de Charles Manson se tornou Ricky Dalton. Eles fazem em cena um discurso de destruir o ídolo da TV, de suas infâncias. Mas não era essa a motivação real da seita de Manson. 

O maníaco Charles queria incitar uma baderna e colocar a culpa na população negra. Com isso, ele acreditava, se iniciaria uma guerra entre negros e brancos.

Os negros venceriam, mas, em seu racismo, ele acreditava que não saberiam se organizar socialmente. É quando ele, um anjo enviado à terra, seria convocado para assumir o poder.

Ah, Manson também era músico. Ele achava que os Beatles eram os quatro cavaleiros do Apocalipse e, para o fim do mundo realmente ter início, eles deveriam gravar juntos. O que, claro, nunca aconteceu, apesar de ele ter tentado. 

++ Aventuras na História: Sharon Tate, a atriz brutalmente assassinada pelos seguidores de Charles Manson

Verdadeiro: Cielo Drive

A rua em que o casal Sharon Tate e Roman Polanski morava é real. Existe até hoje nos arredores de Los Angeles. A casa onde ela foi assassinada, porém, foi demolida. 

Mentira: A personagem da Maya Hawke não desistiu na vida real

Em Era Uma Vez em... Hollywood, as coisas começam a dar errado para os seguidores de Manson quando uma personagem vivida por Maya Hawke desiste e foge com o carro do grupo. Na vida real, a mulher, Linda Kasabian, não participou dos assassinatos na casa dos Polanski, mas ficou esperando no carro e ajudou na fuga. 

Verdadeiro: "Eu sou o Diabo"

Bom, aqui fica difícil saber MESMO se foi algo que realmente aconteceu. Mas, existem relatos, o seguidor de Charles Manson responsável pelo ataque à Tate, Charles "Tex" Watson, realmente disse, antes dos crimes, uma frase que se tornou marcante: "Eu sou o Diabo e estou aqui para fazer o trabalho do Diabo."

No filme, Tex, interpretado por Austin Butler, diz a frase, mas antes de atacar Ricky, Cliff e Francesca.