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Música / Clássica

Theatro Municipal de São Paulo estreia pela primeira vez uma ópera composta por mulheres

p r i s m, da compositora Ellen Reid, aborda questões sobre abuso sexual e violência contra a mulher

Bruna Calazans Publicado em 04/09/2019, às 15h13

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p r i s m, ópera de Ellen Reid e Roxie Perkins. Crédito: Reprodução/Instagram
p r i s m, ópera de Ellen Reid e Roxie Perkins. Crédito: Reprodução/Instagram

Pela primeira vez na América do Sul, a ópera p r i s m chega ao Theatro Municipal de São Paulo nesta quarta-feira (4) e permanece até próximo sábado (14). Essa é a primeira ópera composta e escrita apenas por mulheres a chegar nos palcos do teatro.

A produção é realizada em parceria entre a compositora Ellen Reid e a libretista Roxie Perkins. Ambas se inspiraram em experiências pessoais para a elaboração da obra, que trata de abuso sexual e violência contra a mulher. A regência é de Roberto Minczuk.

Neste ano, a ópera ganhou o Pullitzer na categoria Composição Musical e o prêmio de melhor ópera inédita de 2018 pelo Music Critics Association of North America.

O enredo da trama aborda o trauma vivido por Bibi, interpretada pela soprano Anna Schubert e Lume, interpretada pela mezzo soprano Rebecca Jo Loeb. Juntas, mãe e filha lidam com os efeitos decorrentes de uma violência física e psicológica.

Lumee, a mãe, faz de tudo para isolar sua filha, Bibi, dentro de um santuário imaculado, o prisma que dá nome à obra. A intenção dela é proteger a herdeira de uma perigosa doença.

No entanto, a jovem é seduzida por um sinal caleidoscópico vindo do Lado de Fora e começa a se rebelar contra a mãe.

Ofuscada pelas cores e pelas lembranças de sua vida, que se confrontam com as mais recentes, Bibi precisa escolher entre abandonar a mãe para descobrir a verdade sobre sua condição, ou aceitar as histórias que ela lhe conta e assim suportar a única vida que conhece.

A reportagem já assistiu ao espetáculo e podemos adiantar que ele não se limita ao palco.

A saga de Bibi para encontrar um sentido no meio de toda a confusão de sentimentos que a assola ganha os corredores do Theatro numa caminhada angustiante, em que o público poderá acompanhar bem de perto. 

O sofrimento da protagonista é explorado com solos da soprano e cenas explicítas - como a nudez dos bailarinos, deixando um silêncio tenso no ar, que só é interrompido por movimentos inquietos dos telespectadores. 

A ópera embarca na elasticidade da memória depois de um trauma e trata das distâncias a serem percorridas para "se sentir melhor" – não importando o preço.

Além das duas protagonistas, quatro bailarinos, coreografados pelo diretor-assistente Chris Emile, participam do espetáculo, simbolizando as projeções de Bibi.