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"Querido Evan Hansen" é um quebra-cabeça bonito, mas com todas as peças erradas | Crítica

Adaptado da peça da Broadway, musical chega aos cinemas nesta quinta-feira (11)

Henrique Nascimento | @hc_nascimento Publicado em 10/11/2021, às 19h00

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"Querido Evan Hansen" chega aos cinemas nesta quinta-feira (11) - Divulgação/Universal Pictures
"Querido Evan Hansen" chega aos cinemas nesta quinta-feira (11) - Divulgação/Universal Pictures

Eu nunca havia entendido o apelo de "Querido Evan Hansen". Vi dezenas de fotos de um garoto - geralmente Ben Platt, da trilogia "A Escolha Perfeita" - com camiseta azul e um gesso no braço circulando pela internet, pesquisei um pouco e vi que as músicas eram da dupla Benj PasekJustin Paul, mesmo responsáveis por "La La Land: Cantando Estações" e "O Rei do Show", e por aí vai.

Ainda assim, nunca fui tão longe a ponto de realmente entender a obsessão das pessoas, especialmente os mais jovens, por esse musical. Porém, assistindo à adaptação cinematográfica de "Querido Evan Hansen", que chega aos cinemas a partir desta quinta-feira (11), é possível entender completamente. O que também fica claro é que talvez essa seja uma produção que nem mesmo deveria existir.

Em "Querido Evan Hansen", Evan (novamente interpretado por Ben Platt, em uma maquiagem extremamente assustadora para parecer mais jovem) é um garoto de 17 anos, que sofre de depressão e ansiedade. Para ajudá-lo, o seu terapeuta sugeriu a tarefa de escrever cartas para si mesmo, como uma forma de desenvolver suas habilidades sociais, além de trazer mais positividade para a própria vida.

O exercício acaba se provando bastante difícil para Evan, mas ele acaba exprimindo uma carta de si mesmo. No entanto, o bilhete acaba indo parar nas mãos de Connor Murphy (Colton Ryan), um jovem excluído e vítima de bullying no colégio, horas antes de ele tirar a própria vida. Logo, a carta de Evan se torna a carta de despedida do rapaz. Ou, ao menos, é isso que a família de Connor pensa.

Pressionado, Evan não consegue mentir para a mãe do rapaz, vivida por Amy Adams ("A Chegada"), e, de repente, de um rapaz com problemas para socializar, ele se transforma em um exímio mentiroso e começa a inventar toda uma história ao lado de seu melhor amigo de toda a vida, Connor. E é aí que tudo desanda.

Não me entenda mal: "Querido Evan Hansen" não é de todo ruim. Tem uma mensagem bonita, é emocionante em diversos momentos e nos faz torcer por Evan, para que ele melhore, para que ele não seja um novo Connor e para que as pessoas aprendam a tomar responsabilidade por suas atitudes, já que elas podem acabar, literalmente, com a vida de alguém.

Assim como o livro/filme de sucesso "As Vantagens de Ser Invisível", de Stephen Chbosky - responsável pela direção de "Querido Evan Hansen" - e a (terrível) série "13 Reasons Why", a produção trata de sentimentos comuns a adolescentes e jovens, o que gera identificação, por isso o apelo pela história é tão grande. No entanto, há uma linha muito tênue ao tratar de saúde mental com responsabilidade e "Querido Evan Hansen" fica em uma corda bamba muito perigosa.

É angustiante ver Evan construindo os próximos passos de sua vida em cima de uma mentira, considerando que o garoto sofre com ansiedade e depressão. Conforme novas camadas da história vão aparecendo e você descobre novos fatos da história do personagem - como em uma conversa dele com a mãe, próximo ao final do filme -, fica cada vez mais claro que, se a história fosse verdadeira, poderia ter terminado com uma segunda tragédia.

Eles até chegam a mencionar a possibilidade de Evan tentar fazer alguma besteira contra si mesmo em certo momento, mas não há nenhuma reparação quanto a isso. O garoto precisa encontrar forças sozinho para resolver a própria vida, o que nos faz pensar duas vezes sobre o que estamos assistindo e se aquilo é realmente saudável.

É preciso ver por baixo da superfície, porque incrementado pelas músicas de Pasek Paul, que são realmente boas e um dos pontos altos do filme, "Querido Evan Hansen" quase passa batido. É triste, mas é alegre. É emocionante e arranca lágrimas. Mas também é irresponsável e pode bater de formas diferentes para diferentes pessoas. Para mim, a experiência não foi tão legal quanto gostaria.

Além de PlattRyan Adams, o elenco de "Querido Evan Hansen" conta com Nik Dodani ("Atypical") como JaredAmandla Stenberg ("O Ódio que você Semeia") como AlanaJulianne Moore ("Para Sempre Alice") como Heidi, mãe de EvanKaitlyn Dever ("Fora de Série") como Zoe Murphy, irmã de Connor; e Danny Pino ("Cold Case: Arquivo Morto") como Larry Mora, padrasto de Connor Zoe. No Brasil, cópias legendadas e dubladas, com músicas em português, serão distribuídas nos cinemas. Assista ao trailer: