Filme de Damien Chazelle tem diversos personagens baseados em figuras que brilharam na era silenciosa do cinema
ANGELO CORDEIRO | @ANGELOCINEFILO Publicado em 23/01/2023, às 11h40
"Babilônia", novo filme de Damien Chazelle, é uma grande homenagem à era silenciosa do cinema e ao desenvolvimento da indústria cinematográfica. Embora a trama seja fictícia, alguns dos personagens mais importantes foram inspirados em figuras reais.
São os casos dos personagens de Brad Pitt ("Era uma Vez em... Hollywood"), Margot Robbie ("Eu, Tonya"), Jean Smart ("Hacks"), Jovan Adepo ("Watchmen"), Diego Calva ("Narcos: México"), entre outros.
Mostramos a seguir as principais inspirações dos personagens mais importantes de "Babilônia", confira:
O personagem de Brad Pitt, conhecido em “Babilônia” por conta das festas extravagantes que promove em Hollywood, mas que vê sua carreira entrar em decadência com o início da transição para os filmes com som.
A grande inspiração por trás do personagem é o ator John Gilbert, uma das principais estrelas da era silenciosa do cinema. Além disso, seu característico visual foi fielmente reproduzido por Pitt.
John Gilbert chegou a ser o ator mais bem pago de Hollywood, mas especialistas afirmam que o ator nunca mais foi o mesmo por não ter se adaptado à mudança, por sabotagens – já que tinha um salário enorme –, e por seu alcoolismo.
Interpretada por Margot Robbie, a personagem é uma jovem atriz em ascensão, mas que também passa a enfrentar dificuldades após a transição para os filmes com som. A personagem também sofre com seu vício em drogas.
O diretor Damien Chazelle e a própria Margot Robbie afirmaram que a personagem é inspirada em várias figuras da vida real, com destaque para a atriz Clara Bow.
Assim como Nellie, Bow teve uma infância difícil – sua mãe tinha esquizofrenia e seu pai era abusivo -, mas conseguiu se tornar uma atriz bem-sucedida. A artista também ficou conhecida por sua personalidade extravagante e ter se tornado uma sex symbol.
Por conta disso, ela teve de conviver com inúmeros rumores e mitos sobre sua vida – principalmente do ponto de vista sexual.
Outras atrizes da época que também ajudaram a modelar a personagem são Joan Crawford, Jeanne Eagels, Mabel Normand, Alma Rubens e Thelma Todd.
O personagem de Diego Calva é um imigrante mexicano que consegue, aos poucos, crescer dentro da indústria cinematográfica.
Segundo Damien Chazelle, a principal inspiração para o personagem foi Rene Cardona, um imigrante cubano que também conseguiu crescer aos poucos dentro da indústria cinematográfica até se tornar executivo de estúdios.
Outra figura que contribuiu para a construção do personagem é o ator Ramón Novarro. Também nascido no México, o ator começou a aparecer nos filmes silenciosos a partir de 1917 e logo se transformou em uma das estrelas desta época.
Novarro chegou a ser chamado de sex symbol durante seu auge e é considerado o primeiro ator latino a fazer sucesso em Hollywood. Infelizmente, o artista foi assassinado em sua casa no ano de 1968.
A veterana Jean Smart dá vida à jornalista Elinor St. John, personagem que se informa de tudo o que acontece nos bastidores de Hollywood e repassa as principais fofocas em sua coluna na revista Photoplay – que realmente existiu à época.
A personagem é uma versão fictícia de Louella Parsons, uma das principais colunistas de fofocas sobre os bastidores de Hollywood durante décadas. Chazelle afirma que outras duas figuras ajudaram a conceber a personagem: a escritora Elinor Glyn e a repórter Adela Rogers St. Johns.
Parsons chegou a ganhar o apelido de “Rainha das fofocas de Hollywood” e sua influência era tão grande que ela ficou famosa por impulsionar ou destruir as carreiras de diversas personalidades do ramo.
Glyn se tornou famosa por ter ajudado a impulsionar a carreira de diversos artistas, como foi o caso de Clara Bow, e por ter escrito várias peças de teatro. Já St. Johns era colega de trabalho de Parsons na revista Photoplay e ganhou fama por coagir diversas estrelas de Hollywood a serem entrevistas por ela – e ainda tentava forçá-las a revelar segredos e fofocas em primeira mão.
O trompetista Sidney Palmer, vivido por Jovan Adepo, é integrante de uma banda de jazz e se torna estrela dos primeiros filmes musicais de Hollywood, após ser descoberto por Manny Torres.
De acordo com Chazelle, dois músicos da época serviram de inspiração para a construção do personagem. O primeiro é Duke Ellington, que tocava em casas noturnas de Hollywood e fez algumas participações esporádicas em filmes.
Já o segundo é Sidney Easton, que, assim como Ellington, tocava em casas noturnas e festas. A partir dos anos 1930, ele também passou a trabalhar como ator e apareceu em vários filmes ao longo dos anos.
Chazelle revelou ainda que Louis Armstrong, uma das figuras mais influentes da história do jazz, também foi uma das inspirações para a criação de Sidney Palmer.
A personagem interpretada pela atriz Li Jun Li é uma cantora de cabaré que também trabalha como escritora dos famosos intertítulos dos filmes da era silenciosa.
A principal inspiração para a criação da personagem foi a artista Anna May Wong. Ela é considerada primeira grande estrela hollywoodiana de descendência asiática – e a primeira a ganhar reconhecimento mundial.
Ao longo de sua carreira, May Wong atuou em filmes silenciosos e com som, além de ter feito trabalhos para TV, teatro e rádio. Assim como a personagem, May Wong também foi trabalhar na Europa com o intuito de ter novas e diferentes oportunidades na carreira.
Ruth Adler é vivida por Olivia Hamilton, esposa de Damien Chazelle, e a personagem foi uma das pouquíssimas mulheres que trabalhavam nos bastidores de Hollywood na época.
Ela foi inspirada em Dorothy Arzner, uma figura importante e pioneira da indústria cinematográfica. Ela foi a única diretora de Hollywood entre 1927 e 1943 – ano em que se aposentou do ramo -, a ter dirigido 20 filmes diferentes.
Além disso, Arzner foi uma das pouquíssimas mulheres que conseguiram ter uma bem-sucedida carreira como diretora até os anos 1970. A cineasta também trabalhou com nomes de destaque do cinema, como Katherine Hepburn, Lucille Ball, Joan Crwaford e a própria Clara Bow.
Damian Chazelle diz também se inspirou na cineasta Alice Guy-Blaché – a primeira mulher a dirigir um filme na história – e na atriz Lois Weber para criar Ruth Adler.
Algumas figuras recorrentes do longa realmente existiram. São elas: o executivo Irving Thalberg, vivido por Max Minghella, de "The Handmaid’s Tale"; o diretor de fotografia James Wong Howe, interpretado por Alexandre Chen; o magnata William Randolph Hearst, de Pat Skipper; e a atriz Marion Davies, vivida por Chloe Finnemann, do "Saturday Night Live".
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