"Morbius" é mais um filme genérico de vilão na esteira da Sony - Divulgação/Sony Pictures
CRÍTICA

"Morbius" é mais um filme genérico de vilão na esteira da Sony | Crítica

Filme estrelado por Jared Leto chega aos cinemas nesta quinta-feira (31)

ANGELO CORDEIRO | @ANGELOCINEFILO Publicado em 30/03/2022, às 19h00 - Atualizado em 31/03/2022, às 10h00

Desde que a Marvel provou que o caminho “certo” para produzir filmes de super-heróis era criando um universo expandido com histórias interligadas e explorar tanto os heróis quanto os vilões, outras produtoras como a Warner Bros. Pictures e a Sony Pictures não quiseram ficar pra trás e cogitaram seguir o mesmo caminho da Casa das Ideias. No entanto, nenhuma das duas produtoras se acertou ainda. Pelo menos não no mesmo nível que a Marvel chegou.

É verdade que, hoje em dia, a Warner Bros. está bem mais consciente do que quer para os filmes dos seus super-heróis: enquanto não abre mão de seu universo expandido, que deve voltar a ser explorado no filme “The Flash”, programado para 2023, ao mesmo tempo, ela também não abre mão de histórias “avulsas”, com visões distintas e originais, como vimos no último “Batman”.

Já a Sony, enquanto vê o Homem-Aranha de Tom Holland brilhando no MCU e enchendo os seus cofres, tem se arriscado desde 2018 a produzir filmes com os vilões do teioso. A ideia, a princípio, sempre pareceu interessante. Afinal, a própria Marvel só foi ter um filme “de vilão” em “Vingadores: Guerra Infinita”, uma história sobre os heróis, mas na qual Thanos (Josh Brolin) é quem comanda as ações e a narrativa.

Com o sucesso de bilheteria de “Venom”, que arrecadou mundialmente mais de 800 milhões de dólares a partir de um orçamento de aproximadamente 100 milhões, a Sony acreditou que estava no caminho certo, mesmo que as críticas dissessem o contrário. A pandemia atrapalhou, mas “Venom: Tempo de Carnificina” chegou aos cinemas três anos depois e, se o resultado de bilheteria não se compara ao filme antecessor, os 500 milhões arrecadados ainda fazem a produtora confiar em produzir novas aventuras para o spiderverse.

E o nome da vez neste universo expandido da Sony é Morbius. Na história, Michael Morbius (Jared Leto) é um cientista que sofre de uma rara doença do sangue. Lutando com a medicina e a ciência ao seu lado para sobreviver, ele passa a buscar uma cura para sua condição, até que uma de suas experiências o aflige com uma forma de vampirismo. Morbius então ganha habilidades sobre-humanas e uma sede insaciável por sangue, fazendo vítimas por onde passa.

O mais impressionante em “Morbius” é como o filme não consegue construir nada de maneira original. O diretor Daniel Espinosa - de “Vida”, filme que na época de seu lançamento alguns chegaram a cogitar que poderia funcionar como uma prequel de “Venom” por mostrar um alienígena gosmento que vem parar na Terra -, a partir do roteiro da dupla Matt Sazama e Burk Sharpless, emula sequências de ação tão confusas e anêmicas quanto as de “Venom: Tempo de Carnificina”.

Os movimentos do personagem vivido por Jared Leto são praticamente imperceptíveis ao olho humano em velocidade normal e a câmera lenta empregada para que possamos ver algo só deixa evidente a pobreza dos efeitos visuais. Pelo menos, Leto não é o problema da vez: o ator está menos afetado do que sua última participação no cinema, em “Casa Gucci”, e menos vergonhoso do que o seu Coringa de “Esquadrão Suicida”.

Sobre a falta de originalidade, a história de “Morbius” tem praticamente a mesma premissa de um filme do Universo Compartilhado da Marvel: “O Incrível Hulk”, de 2008. Em ambas as histórias um cientista tenta controlar o monstro que carrega dentro de si e um vilão surge a partir da mesma tecnologia desenvolvida pelo cientista protagonista. Ah, nas duas histórias um amor também está envolvido. Ou seja, é a mesma história que já cansamos de ver. Agora com o adicional de que deveria ser de terror e é apenas insossa.

Em suma, fica a impressão de que a Sony entendeu o pior da fórmula Marvel e a aplica descaradamente: produz seus filmes em escala industrial seguindo o mesmo padrão de história de origem, converte o vilão dos quadrinhos em um anti-herói que deve salvar o dia e finaliza com um gancho para futuras histórias. O resultado não poderia ser mais decepcionante, fazendo com que “Morbius” seja apenas mais um filme genérico na esteira da Sony.

 


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